Antes de tudo, esta é uma história de cuidado. Porque, não é somente sobre negócio. É também sobre a maternidade e desafios. A artesã Débora Luzia, participou do ‘Qual é o seu negócio?’ na última terça-feira, 25, e contou como transformou um dos momentos mais desafiadores de sua vida no motor de um negócio próspero e cheio de significado. Sua história é um testemunho de resiliência, criatividade e amor, servindo de inspiração para todas as mulheres que buscam empreender.

Raízes Criativas e os Primeiros Passos no Mundo do Trabalho

Desde a infância vivida no sítio, Débora já demonstrava uma aptidão nata para “inventar” e criar. Em um tempo onde o acesso a brinquedos era limitado, a criatividade era a principal ferramenta. “Eu morava no sítio, não tinha muitas condições, então a criatividade já vem dali”, compartilha Débora, lembrando-se de como fazia bonecas de milho e panelinhas de barro. Essa aptidão manual, embora não diretamente ligada ao seu futuro negócio, foi cultivada desde cedo, influenciada pelas tias que bordavam e costuravam.

Embora formada em Pedagogia, Débora nunca atuou na área. Sua vida profissional foi diversa: passou 15 anos trabalhando com serigrafia na área têxtil, personalizando roupas e “fazendo a cara do cliente”, um trabalho que já envolvia o cuidado com as mãos e a personalização. Em seguida, trabalhou na área bancária e, posteriormente, na ACIG (Associação Comercial e Industrial de Goioerê), chegou a presidir o Conselho Jovem Empresário.

Essas experiências, foram fundamentais. “Você consegue entender o mundo dos negócios“, explica Débora, ressaltando a importância do Sebrae e de movimentos associativos para quem busca empreender, oferecendo ferramentas e suporte.

A Virada: Quando a Dor se Transforma em Propósito

O que parecia um hobby despretensioso – o artesanato – ganharia um novo e profundo significado em 2019. Débora relata um dos períodos mais difíceis de sua vida, que ela descreve como um “freio que Deus deu na sua vida”. Um momento de aprendizado profundo, sem questionamentos ou reclamações. Sua filha, Isadora, então com 13 anos, começou a passar mal. Após meses de incerteza e exames que não apontavam nada, uma jornada dolorosa os levou a Curitiba. Lá, receberam o diagnóstico: Isadora com leucemia linfoblástica aguda.

“Naquela hora o mundo desabou”, confessa Débora. Por um ano, ela viveu em Curitiba, dedicada integralmente à filha. Deixou para trás a empresa, o marido e o outro filho em Goioerê. Foi nesse cenário de isolamento e dedicação que o artesanato, antes um escape, tornou-se uma necessidade e, de forma inconsciente, um negócio.

Em Curitiba, longe de casa e com a filha em tratamento, Débora começou a receber pedidos de clientes de Goioerê que conheciam sua habilidade. Sem acesso a muitos recursos e morando em um pequeno estúdio, ela focou em peças de MDF, como caixas e porta-maternidades, que podiam ser feitas em espaços limitados e com materiais acessíveis. Nesse período, disse ela, trabalhou muito com o MDF, Porta-maternidade, porque era uma coisa mais fácil para mim”, responde Débora, revelando como amigos e familiares transportavam materiais e produtos entre as cidades.

Isadora, hoje com quase 20 anos, está bem. Apesar de um erro genético que exige acompanhamento contínuo. A jovem está estudando Relações Internacionais no, Rio Grande do Sul, a 1.100 quilômetros de casa. A história de Isadora é mais uma prova de que, mesmo diante de grandes desafios, a vida oferece novos caminhos e oportunidades.

Do Hobby ao Negócio: Superando Desafios com o Artesanato

O que começou como uma forma de gerar renda em um momento crítico, solidificou-se como um negócio. Hoje, os “terços personalizados” e as “caixas de MDF” são seus carros-chefes, mas Débora também se destaca na arte sacra e, especialmente, nas deslumbrantes decorações natalinas, que se tornaram sua paixão e seu maior desafio.

Um dos maiores desafios, segundo Débora, é “interpretar o sonho do cliente”. Com a internet, as pessoas chegam com imagens e ideias mirabolantes, e a artesã precisa equilibrar a expectativa com a realidade. Segundo ela, a internet é uma ferramenta que inspira, mas às vezes atrapalha. Débora relatou que as pessoas veem na internet aquela decoração coisa linda, maravilhosa e que na realidade, ou no momento, não consegue ser produzido. Por vezes, até por conta de orçamento limitado. Contar com a paciência do cliente e a sua capacidade de negociar a melhor execução do projeto é essencial. Ela contou que certa vez, decorou uma árvore de Natal de 2,20m e desmontou inteira. Recomeçando do início por não ter gostado do resultado final, demonstrando seu compromisso com a perfeição.

A precificação, um calcanhar de Aquiles para muitos artesãos, foi um aprendizado. Débora enfatiza que é necessário valorizar a mão de obra dos artesãos. No caso de montar e decorar uma árvore, por exemplo, não é só montar uma árvore. “Estou cuidando de um bem. E de um sonho.” Sobre a decoração de uma árvore, Débora conta que cobra pelo tamanho. Sempre dentro de uma faixa de preço para garantir a ética e a justiça, caso o trabalho seja mais rápido que o previsto, pode até cobrar a menos do que o que foi orçado.

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Como ter uma árvore de Natal bonita

Seu conselho para quem quer montar a árvore de Natal em casa é fundamental: “Compre uma árvore de boa qualidade, bem fechada. Por que eu falo isso? Porque se você comprar uma árvore vazia, muito rala, você vai gastar muito com enfeites para deixar ela como no teu sonho.” E, claro, a dica de guardar tudo organizado para que a beleza dure por anos!

Trabalhar em casa oferece flexibilidade, mas Débora não abre mão de ter horários e um fluxo de trabalho organizado. Embora aprecie a liberdade de estar em casa, o sonho de ter seu próprio ateliê físico ainda a motiva, permitindo uma separação mais clara entre o lar e o trabalho.

Mensagem para as Mulheres Empreendedoras

O que fica da conversa com Débora é a força e a inspiração, especialmente para as mães e mulheres que empreendem. Débora deixa uma mensagem poderosa: “É difícil a gente começar. E independente do que a gente trabalhe, às vezes a gente sonha em começar já grande. E não tem necessidade. De repente a gente pensa em não vou fazer porque já tem gente que faz. Mas ninguém faz igual ao seu. O artesanato é único. O seu trabalho é único.”

A artesã finalizou o bate-papo com a certeza de que “cada peça é única”, uma verdade que reflete não apenas seu trabalho manual, mas sua própria história. Ela brinca que suas criações, “falam com ela”, evidenciando a paixão e a alma que coloca em cada detalhe.

A história de Débora Luzia é um lembrete vibrante de que a criatividade, a dedicação e, muitas vezes, a superação de adversidades podem moldar um caminho de sucesso e realização. Seu exemplo inspira a todas nós a valorizar nossos talentos, a buscar o suporte necessário e a transformar nossos sonhos em um negócio próspero, mesmo que ele comece com um simples bordado ou uma caixa de MDF, feita com amor e resiliência.

Para quem se inspirou e deseja conhecer o trabalho de Débora Luzia, seja para encomendar um terço personalizado, uma caixa de MDF ou para ter a árvore de Natal dos sonhos montada, você pode entrar em contato através do Instagram @deboraaluzia ou pelo WhatsApp no número (44) 98409-7778. E

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